Ano Novo, dúvidas antigas

Alguém saberia dizer se esse novo leiaute dos ônibus municipais cariocas, agora todos meio parecidinhos e algo desbotados, se trata apenas de uma demão de pintura ou se efetivamente temos aí circulando uma frota nova? Não que isso faça muita diferença. É só pra saber o grau de maquiagem mesmo…

Natal (em) branco

Pra ninguém resmungar que não falei do Natal…

Sei que o 25 de dezembro foi apenas uma data escolhida muito tempo atrás. E que o Menino deve ter nascido em outro dia.

Sei que se tornou uma Festa do Consumo de comes e bebes e pacotes. E que o sentido original se perdeu para a maioria.

Sei que é a festa mais triste que existe porque, no fundo, um vazio nos lembra que não dá pra celebrar sabendo do que se passa de grave com tantas pessoas mundo afora.

Eu sei. Mesmo assim, gosto do Natal.

Gosto de dar, por mais simples que seja o presente, um pacotinho para quem me é caro.

Gosto de passar o dia 24 na cozinha, embora a comida sempre sobre e me obrigue a sair distribuindo aos mais próximos.

Sei que gosto do Natal porque não gosto da tarde do dia 25, a me lembrar que o próximo Natal não poderia estar mais longe.

E apesar de não ter mais por perto aqueles que caprichavam nos presentes desde que eu era bebê.

Mas o Natal é a esperança de que tudo pode dar certo. Mesmo a gente sendo tão imperfeito. Mesmo se equivocando tanto. Mesmo magoando quem está perto. Mesmo não tendo dito suficientes vezes a quem já se foi o quanto os amávamos.

A galinha e eu desejamos que tenham tido um Feliz Natal!

Viagens aéreas

Na passagem por Sampa início do mês, recolhi duas boas tiradas a respeito de aviões, aqui devidamente compartilhadas.

A primeira me foi contada pela Vivi. Disse ela que, numa volta recente do namorado dos EUA, a tempestade era tão terrível que as aeromoças começaram a passar pedindo aos passageiros que reclinassem um tantinho a cabeça para a frente, a fim de poderem colocar nos pescoços deles umas placas de identificação… imaginem pra quê! Ela dizia: “eu não ia esticar pescoço coisa nenhuma, mandava praquele lugar, se caísse não ia sobrar nada mesmo…”

A segunda foi experimentada por mim e pelo Rafael, um dos selecionados na Carteira Estudante, a quem cedi meu lugar na janelinha. Voltamos de Avianca e no encosto das poltronas da frente havia um sofisticado equipamento de áudio e vídeo, com controles de teclado tipo computador e até joguinhos. Ok, ok, ok.

Para não iniciados, no entanto, tudo é mistério e uma curta Ponte Aérea não é exatamente o voo mais apropriado para experimentações. Custávamos a acertar como fazer para ouvir o que queríamos dos programas disponíveis. Eu comecei pegando pesado: escolhi logo o Pavarotti interpreando Nessun Dorma, que taquei no último volume, porque o som saía muito baixinho.

Pensei: uma pena, um equipamento tão bonito, mas não funciona legal. A minha esquerda, Rafael lutava com o menu e num certo momento suspirou: “Não adianta! Não consigo escutar. Só fica tocando uma música clássica aqui.” E eu nada. Até ele completar: “Aos berros, snif…”

Não riam de nós. Apenas plugamos os fones no braço errado da poltrona! Coisa que pode acontecer a qualquer caipira como a gente. Ainda deu tempo de plugar direito e ouvir uns 10 minutos de música antes de pousar. Culpa daquele gordo a minha direita, que em vez de estar antenado preferiu folhear um velho livro sobre o Aqueduto Carioca, que é só os Arcos da Lapa.

Desfecho

Ao longo de um ano, estive envolvida com aquele mapeamento do ensino do jornalismo digital no Brasil. Hoje sigo para Sampa a fim de participar dos eventos finais: lançamento do nosso livro, seminários internacionais, tudo organizado pelo Rumos Itaú Cultural. Bacana. Todos por lá parecem bem animados. Eu estou mais pra satisfeita, com aquele senso de dever cumprido.

Acho que o processo de produzir um livro que é fruto da colaboração entre oito professores e dois outros professores supervisores foi um grande avanço na minha trajetória profissional. Se considerarmos que o trabalho e as discussões se deram via rede, em encontros quinzenais, a coisa toda parece um feito ainda maior. Academicamente falando, sei que o material final ficou muito bom.

Certamente esse é um feito que provavelmente não vou repetir na vida. Não porque tenha sido ruim, mas porque foi uma oportunidade rara. Aprendi muito sobre esse fenômeno que tem sido a digitalização do mundo e, num espectro reduzido, como interagem as pessoas, apesar que o segundo, embora de menor magnitude, tenha sido bem mais impactante.

Então, é isso, vamos ver se consigo postar também de lá, em algum momento. Vai ser mais fácil se eu continuar tendo a companhia de vocês.

Como as flores

Numa volta com Boltolino há pouco, passei pelos vasos de plantas que ficam à porta de prédios carésimos aqui na Praia do Flamengo. Aprecio demasiado umas florezinhas que recebem o anoitecer sonolentas e fechadas, se abrindo novamente apenas quando a claridade volta de manhã. Algumas amarelas, outras cor de rosa choque, são vibrantes e povoam o entorno desses três ou quatro vasos. Quando passei, apenas algumas estavam despertas no seu silencioso happy hour. Aprendi uma coisinha com elas, de novo. Elas só querem estar lá, lindinhas como são, sem grande alvoroço. Quero viver assim também, pelo menos no tempo que ainda tenho pela frente. Chega de tanta complicação.