A gente que vive no Rio meio que já se acostumou com a coisa. Mas quem vem de fora costuma perguntar o que são esses cartazes colados por tudo quanto é canto, e que já viraram slogans canhestros da cidade. Aliás, eles também têm sua versão oral; quem nunca ouviu o famoso “eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas tô aqui nesse ônibus, vendendo essa balinha”?
Os cartazes aos quais me refiro são, para ser mais honesta, bem poucos, geralmente afixados em fachadas de sobrados suspeitos onde atendem videntes e cartomantes. Porque, no resto dos postes, o que vemos são cópias xerox de um texto que começa, invariavelmente, de duas formas: “Trago a pessoa amada…” ou “Tenha a pessoa amada…”. Os papéis rasgados pela ação do tempo, da chuva ou da ira urbana continuam, para quem não sabe, assim: “Trago a pessoa amada em três dias” e “Tenha a pessoa amada a seus pés”. Altamente inspirador.
Eu sou uma criatura mística, dessas que adora encomendar a revolução solar por época do aniversário, mas não chego a ser tonta a ponto de não conseguir diferenciar, minimamente, uma falcatrua. Por isso mesmo, imaginei um texto gaiato para completar ambas as frases, que eu usaria, de verdade, se fosse algum tipo de médium.
Trago a pessoa amada em três dias, mas não posso garantir que, antes do fim da semana, você não vai estar querendo se livrar dela – você que sabe!
Tenha a pessoa amada aos seus pés, mas depois não venha se queixar de que ela está lhe sufocando, porque eu não tenho antídoto para reverter essa joça.
Será que, com tanta sinceridade, ainda iria aparecer algum cliente????