Ancestrais

Agora falta pouco para terminar a leitura de A Viagem de Théo, sobre o qual já falei aqui. O personagem está no continente africano e descobre a importância que tem o culto aos ancestrais na vivência religiosa de diversos grupos de lá. Os rituais a serem cumpridos mesmo anos após a morte de um parente. As oferendas de alimentos que, aliás, estão presentes também na cultura japonesa, segundo li anos atrás numa revista sobre religião.

Mesmo para quem não tem crença, a relevância dos espíritos dos mortos é convincente a ponto de servir de solução dramatúrgica e posso citar pelo menos dois exemplos de sucessos na literatura e/ou no cinema, ou seja, produtos de consumo de massa. Na trilogia de O Senhor dos Anéis, há uma batalha arriscada que só é vencida pelos heróis quando eles invocam a ajuda de exércitos de mortos. Na mais recente saga em série de Piratas do Caribe idem. Desculpem não dar mais detalhes, mas minha memória é realmente ruim e já faz um tempo que assisti a um e outro. Os fãs de plantão que se lembrarem do que estou falando podem ajudar mandando detalhes das respectivas cenas aqui para o blog.

Lembro que, na época da segunda recorrência, cheguei a comentar com minha falecida mãe. Pena não me recordar mais do comentário que ela fez a respeito. Dona Magdalena era uma mulher bastante espiritualizada e com um canal permanentemente aberto junto ao mundo invisível. Recentemente, diante de crises pessoais que não posso entender, e também da inexistência – em que não cabe recurso – de uma descendência, às vezes me pego pedindo a ajuda dos meus ancestrais. Se formos contar pelo menos nossos país e avós, já é uma meia dúzia de boa vontade na torcida.